Despertamos com o telefone lotado de mensagens de texto, e no
Whatss, ligações não atendidas e gravações de mensagens de voz.
Nossa cidade, no dia anterior, dia de nossa partida, à noite, foi acometida pela maior e mais grave enchente de sua história.
Enchente de água e lama, decorrente de centenas de
desmoronamentos em montanhas que circundam a cidade ocasionando o represamento do Rio, até
a sua explosão, arrastando tudo pela frente, árvores, pedras, animais com sua
força, e de forma muito rápida, não mais de 30 minutos, inundando bairros e o centro da cidade.
Foi um milagre Seres humanos não terem sucumbido, pois esta catástrofe
pegou a maioria das pessoas de surpresa, uma vez que a chuva com a intensidade
para uma cheia, não havia ocorrido na cidade, mas sim no topo da serra, vizinha
a cidade.

A cidade foi destruída.
Estávamos lá em Rio Grande com dois corações: voltamos e nos
unimos a corrente de solidariedade e executamos as providências
necessárias em nossa propriedade também atingida, ou continuamos a viagem?
Não tínhamos muita opção. Nossa coração não iria tranquilo.
Resolvemos regressar.
O regresso foi triste e emocionante, pois escutávamos no
rádio a transcrição da gravidade do ocorrido.
Mas nunca mais nos esqueceremos da visão de nossa cidade ao
chegarmos. Um cenário de guerra, com casas, móveis e pertences arrasados. A
imagem emblemática desta tragédia era o símbolo de nossa cidade, uma “cuqueira”
(Rolante é a Capital Nacional da Cuca), instalada na entrada da mesma, destruída
em uma posição de “balança mas não cai”. Não havia resenha melhor do que agora
vivia esta comunidade, ou seja, ela balança, mas não cai.
Choramos com a desolação que vimos.
Se esta foi a maior e mais grave enchente que Rolante já
presenciou, nunca antes esta cidade e a região haviam visto uma corrente de solidariedade
tão intensa, numerosa, rápida e efetiva.
Clubes de jipeiros, trilheiros, escoteiros, agremiações
religiosas, empresas, se juntavam a esta imensa corrente de amor ao próximo.
Impressionava a capacidade de apoio e mobilização.
Foram dias de solidariedade e reconstrução.
Apoiamos esta corrente, mas também nos dedicamos a
reconstrução do tanto de estrago que também aqui em casa esta devastação ocasionou.
Por sorte, e por termos construído nossa casa com uma boa altura do nível do
chão, o interior de nossa residência, diferente de centenas de famílias, não
foi atingido. Mas nossa propriedade (moramos em um sítio), foi bastante
afetada, com cercas destruídas, e o galpão também invadido pela lama.
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